ACADEMIA GOIANA DE LETRAS

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ACADEMIA GOIANA DE LETRAS
CADEIRAS — PATRONOS — TITULARES



Cadeira n. 1
Patrono: José V. do Couto Magalhães
Titular KLEBER BRANQUINHO ADORNO
Cadeira n. 2
Patrono Constâncio Gomes de Oliveira
Titular AIDENOR AIRES PEREIRA
Cadeira n 3
Patrono Pe. Luiz G. Camargo Fleury
Titular HUMBERTO CRISPIM BORGES
Cadeira n. 4
Patrono Antônio F. Bulhões Jardim
Titular MOEMA DE CASTRO E SILVA OLIVAL
Cadeira n. 5
Patrono Gastão de Deus V. Rodrigues
Titular ELIEZER JOSÉ PENNA
Cadeira n. 6
Patrono Raimundo J. Cunha Matos
Titular GETÚLIO TARGINO LIMA
Cadeira n. 7
Patrono José M. P. de Alencastre
Titular HÉLIO ROCHA
Cadeira n. 8
Patrono Alceu Victor Rodrigues
Titular PAULO NUNES BATISTA
Cadeira n.9
Patrono Antônio Americano do Brasil
Titular WALDOMIRO BARIANI ORTENCIO
Cadeira n. 10
Patrono Moisés A. Santana
Titular LUIZ DE AQUINO ALVES NETO
Cadeira n. 11
Patrono Rodolfo Marques da Silva
Titular GILBERTO MENDONÇA TELES
Cadeira n.12
Patrono Inácio Xavier da Silva
Titular MARTINIANO JOSÉ DA SILVA
Cadeira n.13
Patrono Joaquim Bonifácio de Siqueira
Titular EURICO BARBOSA DOS SANTO
Cadeira n.14
Patrono Hugo de Carvalho Ramos
Titular LÊDA SELMA DE ALENCAR
Cadeira n.15
Patrono Manoel de Macedo Carvalho Júnior
Titular MAURO BORGES TEIXEIRA
Cadeira n.16
Patrono Henrique José da Silva
Titular LUIZ AUGUSTO PARANHOS SAMPAIO
Cadeira n.17
Patrono Joaquim M. Machado de Assis
Titular ANTÔNIO JOSÉ DE MOURA
eira n.18
Patrono Olegário Herculano da Silveira Pinto
Titular MIGUEL JORGE
Cadeira n.19
Patrono Joaquim Xavier Guimarães Natal
Titular JOSÉ UBIRAJARA GALLI VIEIRA
adeira n.20
Patrono Luiz Antônio da Silva e Sousa
Titular URSULINO TAVARES LEÃO
Cadeira n.21
Patrono Egerineu Teixeira
Titular JOSÉ FERNANDES
Cadeira n.22
Patrono Ricardo Paranhos
Titular JACY SIQUEIRA
Cadeira n.23
Patrono Urbano de Castro Berquó
Titular HELVÉCIO DE AZEVEDO GOULART

Cadeira n.24
Patrono Higino Rodrigues
Titular HÉLIO MOREIRA
Cadeira n. 25
Patrono Francisco Xavier de Almeida Júnior
Titular BRASIGÓIS FELÍCIO CARNEIRO
Cadeira n. 26
Patrono José Xavier de Almeida
Titular AUGUSTA FARO FLEURY DE MELO
Cadeira n.27
Patrono Bartolomeu Antônio Cordovil
(pseudônimo de Antônio Lopes da Cruz)
Titular V A G A
Cadeira n.28
Patrono Florêncio Antônio da Fonsêca
Titular VAGA
Cadeira n.29
Patrono Luís Maria da Silva Pinto
Titular NEY TELES DE PAULA

Cadeira n.30
Patrono Demóstenes Cristino
Titular CÉSAR BAIOCCHI
Cadeira n. 31
Patrono Eurídice Natal e Silva
Titular ANA BRAGA
Cadeira n. 32
Patrono Francisco Ayres da Silva
Titular JOSE MENDONÇA TELES
Cadeira n.33
Patrono Antônio Eusébio de Abreu
Titular ALAOR BARBOSA DOS SANTOS
Cadeira n.34
Patrono Jarbas Jayme
Titular MARIA AUGUSTA DE SANT’ANNA MORAES
Cadeira n.35
Patrono Zeferino de Abreu
Titular VAGA


Cadeira n.36
Patrono Visconde de Taunay
Titular GERALDO COELHO VAZ
Cadeira n.37
Patrono Crispiniano Tavares
Titular MÁRIO RIBEIRO MARTINS
Cadeira n.38
Patrono Bernardo Guimarães
Titular MARIA DO ROSÁRIO CASSIMIRO
Cadeira n.39
Patrono Pedro Gomes de Oliveira
Titular MÁRIO RIZÉRIO LEITE
Cadeira n.40
Patrono Arlindo Costa
Titular ANTÔNIO GERALDO RAMOS JUBÉ

ACADEMIA GOIANA DE LETRAS – 70 anos de labor cultural

A Academia Goiana de Letras foi criada e oficialmente instalada no dia 19 de abril de 1939, por iniciativa de um grupo de intelectuais, tendo a frente o professor Colemar Natal e Silva, cuja primeira diretoria foi presidida por Dr. Pedro Ludovico Teixeira.
A solenidade de posse dos novos membros foi realizada no Salão Nobre do Palácio das Esmeraldas; na ocasião o Prof. Colemar (vice-presidente) com um discurso eloquente (O Patrimônio intelectual de Goiás) fez um relato histórico sobre o nascimento da novel Academia Goiana de Letras.
O destino é caprichoso e muita vez emociona o observador dos fatos; seus tentáculos são arranjados, como em uma colcha de retalhos, onde alguns remendos que foram distribuídos ao acaso, de repente se juntam, harmonicamente, no desenho final.
A história da criação da Academia Goiana de Letras teve a participação desta mão invisível, senão vejamos:
Em 1904, no dia 12 de outubro, na cidade de Goiás, nossa antiga capital, foi criada a Academia de Letras de Goiás que infelizmente não conseguiu se firmar, funcionando por apenas quatro anos; presidia aquele movimento uma jovem sonhadora com apenas 19 anos de idade, de nome Eurídice Natal, futura mãe de Colemar Natal e Silva.
A posse dos membros e da nova Presidenta, Srta. Eurídice, ocorreu, semelhantemente como em nossa Academia, na sede do Governo, o Palácio Conde dos Arcos.
Uma história tão inacreditável como esta, com enredo embasado no amor, estava fadada a dar certo e foi o que aconteceu; os sonhos de Eurídice e de Colemar estão consentâneos com a nossa realidade: A Academia Goiana de Letras tem participado nestes 70 anos de existência, ativamente da vida cultural do nosso estado de Goiás.
Adentraram seus umbrais algumas das mais importantes figuras da nossa literatura, cujas obras, muitas delas, tornaram-se clássicos de consulta obrigatória para os estudiosos.
Quem visita nossas instalações e observa o painel fotográfico das figuras (Acadêmicos e Patronos) que adorna nossa galeria, sentirá os influxos positivos da memória viva das letras goianas; quantas páginas da nossa literatura podem ser sugeridas pela lembrança das suas presenças.
Somos orgulhosos em poder preservar esta memória, principalmente proteger o acervo bibliográfico destes homens e mulheres que escreveram e continuam a escrever a nossa história, a história da literatura goiana.
O ano de 2009 foi um ano de muitas realizações e, infelizmente, também, de tristezas para a Academia Goiana de Letras; ao lado de inúmeros acontecimentos festivos, perdemos, de maneira inesperada, o confrade Helvécio de Azevedo Goulart já no apagar das luzes do ano. Poeta de grande inspiração deixa um rastro de saudade em cada canto do nosso sodalício, em cada coração dos seus confrades, antes de tudo, seus companheiros de viagem no barco das ilusões literárias.
Três novos acadêmicos: Emilio Vieira das Neves, Licinio Leal Barbosa e Delermando Vieira, assumiram as cadeiras que estavam vagas por passamento dos inesquecíveis Leolidio de Ramos Caiado, José Luiz Bittencourt e Modesto Gomes; é a roda do tempo, os que foram, viveram de acordo com Rodrigo Otávio “A vida só vale quando se a pode viver. E viver não é ver passar as horas, no desperdício do tempo, na despreocupação dos sentidos; viver é aproveitar, do melhor modo, a hora que vem, passa e não volta”.
A Academia realizou cinco sessões festivas, com presença de grande numero de convidados, que lotaram nosso auditório: Comemoração do centenário de nascimento do jornalista e nosso confrade, Jaime Câmara; Centenário de falecimento do escritor Euclides da Cunha; Cinqüenta anos de literatura do confrade Geraldo Coelho Vaz; Comemoração dos 70 anos de existência da nossa Academia e por ultimo, porém, não por derradeiro, a posse da nova diretoria para o biênio 2009-2011.
No final de agosto foi realizada a semana Cultural de homenagem ao fundador da AGL, Prof. Colemar Natal e Silva.
A Academia Goiana de Letras, consentânea com a sua finalidade participou, ativamente, de várias manifestações da cultura goiana, quer atividades intramuros (lançamento de três livros, dois deles de autoria de nossos confrades, Luiz de Aquino e José Fernandes), várias recepções a caravanas de estudantes da rede publica com os quais, além de distribuirmos livros do nosso acervo, discutimos, com a presença de vários acadêmicos, principalmente a literatura goiana.
Fora do recinto da nossa sede participamos, com exposição e venda de livros dos acadêmicos da AGL, da Bienal do livro de Goiânia e de São Paulo e da 1ª. Mostra do livro Goiano do Tribunal de Justiça do estado de Goiás.
Nossos acadêmicos publicaram, somente neste ano de 2009, cerca de vinte livros, escrevemos, semanalmente, nos jornais da nossa cidade, mais de vinte textos culturais(crônicas, ensaios); publicamos, quinzenalmente, como encarte do Diário da Manhã, um Suplemento Literário.
Temos consciência de que conseguimos toda esta movimentação com a ajuda dos poderes públicos e da iniciativa privada que, por entenderem a utilidade cultural da nossa entidade colaboraram, ativamente, para a sua manutenção.
O Governo do estado, na pessoa do Dr. Alcides Rodrigues Filho fez uma dotação orçamentária, no começo do ano, que permitiu que a Academia atravessasse o ano em dia com os seus fornecedores; a Prefeitura de Goiânia permitiu que quatro de seus funcionários continuassem à nossa disposição para ajudar-nos na rotina de trabalhos de secretaria e limpeza.
A Empresa Novo Mundo doou-nos um aspirador de pó (limpeza dos livros) e uma máquina de lavar pisos, a Unicred (Cooperativa de Créditos da classe médica), dois computadores.
Graças a uma dotação orçamentária do senador Marconi Perilo, será mantida a premiação cultural Colemar Natal e Silva, faremos um concurso nacional de Prosa, romance e crônica, lançaremos quatro números da Revista da nossa Academia, editaremos três “Antologias”, reeditaremos dez livros já esgotados e de autoria de nossos acadêmicos, e utilizaremos as instalações da nossa “Casa Altamiro de Moura Pacheco” para a realização de oficinas de contos, poesias e crônicas.
Cabe destacar a figura do Senhor Prefeito Iris Rezende Machado que, constatando a exigüidade física das nossas dependências, doou uma casa contigua à nossa, onde pretendemos, ainda com a promessa da sua ajuda, construir um novo prédio.
Esta construção será a redenção do nosso sodalício e a consecução de um sonho acalentado por todos os nossos acadêmicos e acadêmicas, muitos deles, infelizmente os que ficaram na beira da estrada, não poderão participar, de corpo presente, porém, em nome deles, aplaudiremos e agradeceremos a iniciativa do Senhor Prefeito.
A Academia tem muitos planos para o ano que vem; vamos manter as atividades que foram desenvolvidas no ano que está findando e ampliarmos nosso relacionamento com a comunidade.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TERTÚLIAS NA ACADEMIA GOIANA DE LETRAS -

Machado de Assis foi poeta? Dedico ao amigo Waldir de Luna Carneiro

Normalmente, após a reunião administrativa da Academia, que acontece às quintas-feiras, a cada 15 dias e sempre às 17 horas, os acadêmicos se reúnem ao redor de uma mesa, localizada em uma pequena sala, nas imediações do nosso auditório. Parece que a 5ª. Feira é um dia simbólico para estas reuniões; como curiosidade, vejamos o que Agripino Grieco escreveu no seu livro “Estrangeiro”: de regresso, as reuniões de quinta-feira no habitáculo desarrumado dos ficcionistas... Naturalmente, nessas tertúlias... Nossa amiga Enizete Ferreira, com o carinho e a delicadeza que lhe é peculiar, se encarrega de servir café, chá, biscoitos, salgados, refrigerantes e eventualmente (dependendo da solicitação de algum acadêmico e, principalmente, se restou alguma coisa da última doação feita pelo acadêmico Luiz Augusto Sampaio) algumas doses de whisky temperado com gelo, sob o profissional comando do bom amigo Valdino Batista. Reunião agradável, sem o rigor da disciplina consistorial que, diga-se de passagem, nosso presidente Prof. Modesto Gomes faz questão de cumprir no auditório. Os assuntos são os mais variados possíveis, porém, com maior enfoque, como não poderia deixar de ser, para a literatura; como ainda sou neófito na roda, procuro mais ouvir do que falar, principalmente se ocorre uma discussão entre os acadêmicos, Prof. José Fernandes, com sua imensurável cultura e Eurico Barbosa, possuidor de um privilegiado arquivo de reminiscências. Em uma destas reuniões resolvi trazer à discussão um assunto que provocou muita celeuma no Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, realizado em Fortaleza no final do ano do ano passado. Durante a apresentação de uma conferência sobre Machado de Assis, proferida pelo meu confrade Dr. Luiz Gondim do Rio de Janeiro, alguém do auditório questionou o orador sobre o valor literário da obra poética do Bruxo do Cosme Velho. A pergunta, naquela oportunidade, foi muito incisiva: Machado de Assis foi poeta? Como não poderia deixar de acontecer, ao ouvirem a pergunta maliciosa, vários acadêmicos que participavam da nossa reunião aqui de Goiânia e que aludi acima, deixaram seus refrigerantes e os quitutes de lado e entraram na discussão; alguém salientou: na verdade, a não ser o poema “Carolina” que, como o sabemos, ele fez para sua esposa morta e um ou outro, de um universo bastante expressivo de incursões que Machado fez nesta seara, realmente, a tese mereceria ser discutida. Vários outros acadêmicos presentes (Eurico Barbosa, Luiz Augusto Sampaio, Leda Selma, Moema Olival, Luiz Aquino, Ursulino Leão, Geraldo Coelho Vaz, Moura, dentre outros) participaram da discussão, expressando seus pontos de vista e, sobretudo, embasando suas intervenções em sólidos argumentos literários. De acordo com o Acadêmico Prof. José Fernandes, não deveria haver, em hipótese alguma, dúvida a este respeito; parece, segundo ele pensa, que a razão desta discussão ainda perdurar, deve-se ao fato do respeitado crítico literário brasileiro do século XIX, Silvio Romero, ter negado a Machado de Assis a condição de poeta. O que trouxe maior credibilidade àquela afirmativa é o fato de que Silvio Romero fez justiça ao grande literato que foi Machado, dizendo textualmente “ele escreveu páginas que nenhum escritor em língua portuguesa produziu” O Prof. José Fernandes entende que aquele crítico literário fez aquela afirmativa devido à existência de uma idiossincrasia entre os dois; realmente, em consulta que fizemos (Brito Broca, A vida literária no Brasil 1900), tomamos conhecimento que Silvio Romero publicou, pelo menos, dois livros virulentos contra Machado de Assis (Machado de Assis, 1897 e O naturalismo em literatura, 1882). Neste segundo livro, o autor deixa o nível cair abaixo do lamentável, nominando o autor de Dom Casmurro “capacho de todos os governos”; “acostumado ao elogio incondicional” e, para explicitar sua má vontade para com a sua poesia, acusa-o de “falta de imaginação, de gosto pela paisagem, de graciosidade e de ausência das grandes paixões, que propiciam linguagem candente e energia da emoção. Nunca fez escola, nunca foi popular”. A de se ressaltar, também, que Silvio Romero sempre foi muito polemista, haja vista o violento ataque que desfechou em 1909 (Zeverissimações ineptas da crítica, 1909) contra o inatacável crítico literário José Veríssimo porque este cometeu o crime de negar a existência da “Escola de Recife”, idealizada por Tobias Barreto, de quem Romero era grande amigo. Nas páginas do livro acima citado, cujo título (abreviatura do nome José Veríssimo) já é uma tentativa de deboche, Silvio Romero arremete furiosamente contra o opositor do momento, copiando, inclusive, a tática empregada por Camilo Castelo Branco: destempero verbal. O achincalhe menos provocativo foi o de apelidá-lo de Quasimodo, alusão ao seu físico, semelhante, na sua visão, ao personagem do romance “Corcunda de Notre Dame”.A continuação desta discussão ocorreu no auditório da nossa Academia Goiana de Letras, no pretérito mês de fevereiro, quando, naquela oportunidade, nosso sodalício promoveu, em comemoração ao seu centenário de morte, uma semana de debates sobre a vida e a obra de Machado de Assis. Constaram da programação, apresentação e discussão de textos produzidos por intelectuais que realmente conhecem a vida e a obra do maior vulto da literatura brasileira: Prof. José Fernandes, Eurico Barbosa e Modesto Gomes, pertencentes aos quadros da AGL e a Profª. Heloisa Helena de Campos Borges, presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Foi uma noite de encantamento literário!